sábado, 30 de junho de 2007


. RAMAKRISHNA (Gadadhar Chatterji) (Kamarpukur, Bengala, 1834 - 1886). Mís­tico. Membro de uma pobre família de brâ­manes, aos dezoito anos fez-se sacerdote do templo de Kali em Dakshineshwar e mos­trou-se um zeloso devoto da deusa. Sua aprendizagem espiritual iniciou-se sob Bhai-ravi Brahmani, uma mulher de grande cul­tura e posteriormente sob um monge sanka-riano que em 1865 o ordenou sannayasin, mudando então seu nome pelo de -Rama-krishna, em honra a sua fervorosa piedade vishunuíta. Durante os anos passados, em Dakashineshwar, aprofundou as tradições hindus, em particular o Vedanta e também praticou a meditação ioga, a devoção bhakti e o budismo tântrico. Como nenhuma das religiões do mundo o deixavam indiferente, fez-se primeiro muçulmano em 1866 e de­pois, em 1874, tentou fazer o mesmo com o cristianismo. Como resultado destas dife­rentes experiências extraiu êxtases que sob seus diferentes símbolos lhe revelaram uma realidade inefável. Afirmou ter tido visões da divina Mãe (Kali), de Krishna, de Alá e Jesus e embora seja impossível certificar-se a autenticidade de tais experiências místicas,tem-se que assinalar que Ramakrishna, des­de sua infância havia experimentado êxtases frequentes. Considerado um santo e encar­nação viva da harmonia das religiões e da fraternidade universal, nos últimos seis anos de sua vida formou um numeroso grupo de discípulos com sua esposa Sarada Devi (1853-1920) e Swami Vivekananda à fren­te, aos quais confiou a continuação de sua obra. Sua irradiação póstuma que transcen­deu as fronteiras de sua pátria, deve-se so­bretudo à vigorosa ação de Vivekananda que organizou em 1897 a Ranakrishna Mission, grande movimento religioso inspirado nos ensinamentos do Mestre. A doutrina de Ra­makrishna deprecia toda fórmula conceituai de experiência religiosa. Não trata de supe­rar o hinduísmo (a cujo Vedanta se aferra) com uma religião universal, não é essencial­mente a compreensão mútua das religiões o que persegue, mas, sim, a compreensão, em plano superior, das realidades místicas das almas religiosas. Há somente um deus que tem muitos nomes, segundo as raças, as cul­turas e as línguas. Todas as religiões são caminhos diversos para chegar a Deus. Mais que por sua indiferença às oposições doutri­nárias, Ramakrishna atraiu numerosos dis­cípulos devido a sua poderosa irradiação pessoal. "Em sua presença — disse Viveka­nanda — descobri que o homem pode ser perfeito, mesmo dentro do corpo." Seu pen­samento exerce ainda uma marcada influên­cia no sentimento religioso da índia e seu ensinamento, essencialmente hinduísta, mas de caráter universalista, constitui uma expe­riência que abrange a totalidade da persona­lidade humana. Bib.: M. Müller, The Life and Sayings of Ramakrishna (Londres, 1932); Swami Brahmananda, Lês Paroles du Maiíre (Maisoneuve, Paris, 1937); id., UEnseignemení de Ramakrishna (id., 1943);Swami Pavitrananda, The Disciples of Srí Ramakrishna (collection of 22 lives) (Ad-vaita Ashrama, Calcutá, 1943); J. Herbert, Lexique Ramakrishna-Vivekananda (Maiso­neuve, Paris, 1944); M., El Evangelio de Ramakrishna (Ed. Kier, Buenos Aires, 4^ ed., 1952); R. Rolland, Vida de Ramakrish­na (1929) (Ed. Kier, Buenos Aires e Ed. Hachette, Buenos Aires, p 953); Swami Vi-joyananda, Los Sagradas Ensenanzas de Srí Ramakrishna (Ed. Kier, Buenos Aires, 1957); id., Srí Ramakrishna dios-hombre (id., 1967); S. Lemaitre, Ramakrishna y Ia Vitalidad dei Hinduísmo (1959) (Aguilar, Madrid, 1961); C. Isherwood, Ramakrishna and his Disciples (Methuen & Co., Ltd., Londres, 1956)

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